Pela sua importância, parece-me oportuno fazer uma abordagem á relação entre o homem e os metais do ponto de vista simbólico-cultural.
Por volta de 1200 a 1000 a .C. tem início a actividade metalúrgica á escala industrial. Muito antes, porém, encontramos o conceito de participação das substâncias minerais na sacralidade da Terra-Mãe.
Tal como outro ser embrionário, a noção é de que os minerais crescem no ventre da Terra. A metalurgia assume um carácter obstétrico. O mineiro e o metalúrgico colaboram com a obra da Natureza, ajudando-a a procriar mais depressa. As nascentes dos rios, as galerias das minas e as cavernas são identificadas com o útero da Terra-Mãe. Tudo o que se encontra no ventre da Terra está vivo, embora no estado de gestação.
A extracção dos metais é pois uma operação efectuada prematuramente, pois se assim não fosse, estes tornar-se-iam puros, transformavam-se em Ouro. O Ouro é pois o metal nobre, maduro. Os outros metais são comuns, imaturos. A Natureza trabalha incessantemente para operar a transformação desses metais em Ouro, pelo que, após uma exploração intensa das minas, deixavam-nas repousar, concedendo tempo á Terra para de novo gerar.
Entre os Babilónicos floresciam certas doutrinas cosmológicas segundo as quais os astros regiam a formação dos metais.
A Prata era influenciada pela Lua, o Ouro pelo Sol, o Cobre pelo planeta Vénus, o Ferro pelo planeta Marte, o Chumbo pelo planeta Saturno.
A profanação da Terra para extracção dos metais exigia ritos de expiação, pois havia a convicção de interferir com um processo sagrado.
A tentativa de colaborar com a natureza, ultrapassando os ritmos da matéria constituem uma das fontes da ideologia alquímica. O alquimista trabalha com uma matéria que considera viva e sagrada; transformar, aperfeiçoar, transmutar a própria matéria é o seu intuito.
As operações alquímicas não são de natureza simbólica, mas antes verdadeiras operações materiais em laboratório. Se bem que diferentes no comportamento mental que se conhece hoje num químico. Este faz o seu trabalho para apreender a estrutura da matéria e as leis fisico-químicas que a governam. O alquimista ocupa-se em especial da paixão, morte e união das substâncias, como elementos e agentes da transmutação da matéria e da vida humana (a pedra filosofal e o elixir da vida).
O alquimista propõe-se ser o Fraterno Salvador da Natureza, o seu ideal consiste em realizar a gestação no campo mineral e humano até á perfeição, á maturidade suprema, á imortalidade e liberdade absolutas. O Ouro, metal nobre e perfeito, é o símbolo da soberania e autonomia.
A Alquimia não pode ser considerada de ânimo leve ou irrelevante. Na sua origem não era considerada uma química incipiente. Só quando alguns experimentadores perderam de vista o universo mental que presidia á sua origem é que a química própriamente dita nasceu, fruto dessa desagregação ideológica.
A Alquimia era considerada uma ciência sagrada e a química substituí-a, privando as substâncias da sua sacrilidade.
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Wikipedia
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Portal de Alquimia
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Texto by A.Pires, in "O Poder Curativo dos Metais"
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